sábado, 31 de janeiro de 2009

momentos


as canções fazem parte da noite
agora posso dobrar em qualquer esquina,
mas apenas cantar uma por vez
os olhos dançam, adrenalina...
segue-se deixando, recebendo e dando tatos
o mundo decidiu que a partir da meia noite
o amor substituiria a cocaína
e até as incertezas viviam suas glórias
passando bem longe do abstrato
felicidades iluminavam todas as sombras
a chuva não apenas contribuía para história,
pois juntava em abrigos corpos perdidos na neblina
por vezes perdemos uma ligação
nestes momentos em que pensamos serem exatos

domingo, 25 de janeiro de 2009

desencontros


agitação, choques, intensidade
a sanidade se descontrai
risos forçados e chorados
a verdade nos olhares

constrói o mundo em que acredita
mas caiu na esquina mais próxima
foi tão burro quanto a casa em que vive
e acha que vai derrotá-lo se escondendo

presa em promessas da noite anterior
com desejos acima do império
com toques vigiados e controlados
e um medo de sentir-se humana

a vizinha enlouquece sempre
e busca informações vespertinas
pretendendo ter controle, mas nunca segui-las
apenas chora por ter vivido um outro mundo

sempre escreve sobre saudades
permaneceu um silêncio desconfortável
com medo, deixou apenas o mar falar
ficando eles no topo da pedra

mas enquanto tudo se desencontra
pequenos ainda sem chance de acreditar
numa vida sem cor, sem valor e sem dor
um mundo onde só quem pode dizer como é difícil para lê-lo, tentar vivê-lo e sonhá-lo serão eles.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quebracabeça



o tiro da sacanagem foi dado
as promessas escorriam pelas ruas
as casas não paravam de olhar
ventos inconstantes passavam naquele cenário
até o momento em que um senhor enrugado
saiu de seu crânio e lhe disse: -calma!

o tiro da descoberta foi dado
caíram ele e o mundo todo
nem o vento conseguiu passar desta vez
apenas imagens passadas e cartas queimadas
até o momento em que um senhor maçãninforme
saiu de seu tórax e lhe disse: - calma!

- é a hora de reencarnar em seu próprio corpo
de desviar rotas, de trocar a caixa dos correios
as folhas podem até voltar para as árvores
mas as unhas continuam nos dedos
esta é a hora de cantar mais alto
e encontrar a cura dos medos!

domingo, 18 de janeiro de 2009

mundo


o sobe e desce foi para nada
o relógio parecia apavorar
o silêncio do lado de fora era outro
pensava que o coração poderia esperar
assim fica fácil culpar os tijolos
por você não ter em quem arremessá-los
mas antes, eu preferia um abraço de chegada
e uma tela de boas vindas


foi dado para ser vivido
foi negado para ser planejado
foi destruído por ter enganado
foi triste por não ter amado
o tempo apaga,
as lembranças se escondem,
os olhares cruzam,
mas o que é verdadeiro é para sempre

morte


quando percebi,
não estava mais percebendo
...

sábado, 17 de janeiro de 2009

tempestade


e estando prestes a adentrar por outros mares
a tempestade anterior volta com mais sabor
com mais coragem e saudade para derrubar
a pequena e frágil barca das emoções

a novidade foi enviada pela nostalgia
jogar neste mar salgado sem meu guia
é perder-se em oceanos de poesia,
acreditar naquelas ilhas e em ilusões

não sei se basta ou se vasta, se afoga ou se refoga
mas de um minuto para outro
milhares de ilhas apareceram
e iniciaram as abolições

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

descubra-se!


ficou calado por anos
preso por decreto, lívido
certo dia livrou-se dos livros
e procurou suas origens

tantos pontos para serem ligados
tantas raízes a serem seguidas
e uma única e longa conversa
pois era a maior árvore que viu em vida

recriou contos, reanimou tontos
e a maior surpresa já estava lá
bem no dia seguinte
quando seu café chegou, sem açúcar

está na hora de sentir e se sentir
descubra-se!
transforme o mundo!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

liberte-se!


há tantos centavos pelo chão
há tantas migalhas na cesta de pão
e por conta deles, ele conseguiu a cadeira
mas acredito que tenha sido por sua cara de madeira

dessa maneira decretou: sem rimas!
por conta deste os outros ficaram assim
secos e encapsulados,
mas seguem com a cabeça erguida
livres para não passar do chão
livres para não compreender a terra
livres para não conversar com as árvores
livres para não pisar na grama,
mas poder gastar seu verde
na mais linda blusa verde dos vidros
e assim poder reesverdear
o mais verde azedo do limão

está na hora de sentir e se sentir
liberte-se!
transforme o mundo!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

cuidado


não precisa nem dizer,
pode deixar que eu abro a porta
assim vejo entrar mais vida ao amanhecer
e os olhos aos serviços de quem aborta

diariamente a eternidade é construída
é só compreender a lateralidade
foi difícil o enquadramento para as feridas
mas o som despertou a suja realidade

rápido, gritem em coros, desaforos
mas com muito cuidado, outros dormem
tenho medo de desesperos e choros
e que as travessias deformem

sempre tão longe, mas os olhos continuam fixos
nem queria assim, tentei até outras cabeças
a robotização de dias em pensamentos prefixos
e sempre cuidando para que umedeça