domingo, 28 de dezembro de 2008

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você me deu apenas dois minutos
para eu falar tudo que eu tinha
para eu justificar nossas vidas
para eu conseguir reconquistar a sua

foi pouco tempo por tudo que já fiz
pelas madrugadas que passei acordado
pelas tardes que passamos na praia
pelos dias felizes em tua companhia

mas eu sempre te dei mais que isso
dei horas, dias, semanas, meses e anos
dei meu mundo, meus olhos, meus sonhos
dei o céu, o mar e peixes para habitá-lo

foram muito mais que dois minutos
foram mais de dois mil beijos
mais de duas mil noites vividas
mais de dois milhões de segundos ao teu lado

será que temos um fim?
eu sempre pensei que você acabava em mim
e que eu acabava em você
mas dois passos nos separam

e o que parece ser tão curto
torna-se mais curto com esta tarde chuvosa
onde duas mil gotas de chuva
regam a árvore da aflição

duplas raízes envenenam meus ouvidos
até poderia achar ser uma alucinação
mas esses olhares são bem reais
sem teto, sem sementes, sem exatidão.

a praça enganou quem passava
os frutos saíram em viagem
raízes continuam me consumindo
e destroem todo meu chão

um dia sem graça, de graça e sem vida
um mundo escuro numa dupla escuridão
minhas caminhadas cansadas persistem
nas ruelas da mágica sem nenhuma ilusão

dois minutos estão em curta temporada
dois minutos é meu tempo fúnebre
dois minutos é teu tempo sagrado
dois minutos...

mas se os queres tanto assim
podes ficar com esses dois minutos
não me importo mais com eles
afinal... já os gastei...

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

hoje


tem que correr pra não sofrer
gritar desesperado em baixo de um sinal vermelho
e olhar, olhar bastante até incomodar
os passos estão tão alinhados que o sorriso deixa o medo de lado

quadrados reticulados se dobram na primeira esquina
redondos entorpecem e retornam de onde partiram
tremores divertem quem mais se esconde da chuva
a música cantarolada enfeitiça toda gurizada

os dentes saltam e conferem o que tem depois do muro
é melhor voltar, não tem cão nem cachorro
a placa manda seguir para baixo do bueiro
mas o cheiro é doutro se encontra outro noutro

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

madrugada


e só de escutar
elas começam a cair e caminhar
ligeiros sorrisos
durante um tédio infernal

numa madrugada calma,
mas qual delas não é?
por isso que sempre me apaixono durante a madrugada...

domingo, 21 de dezembro de 2008

chegadas


não precisa mais chegar por aqui
a vida agora é outra
o telefone voltou a tocar
novos sorrisos chegaram com o som

está tudo tão verde e vermelho
poderia ter deixado estas passagens de lado
mas não importa mais
tudo começou a se explicar

na verdade...
acho que não...