terça-feira, 21 de abril de 2009

leve


abre os sonhos, corrige teus olhos
cachorros ainda nadam em mares vermelhos
e milhares de bolas coloridas num flutuar
mas na sala apenas uma mesa de jantar

eu já não sei quem é homem ou quem é mulher
eu já não sei quem são os animais
às vezes eu tento compreender
mas o espelho não me deixa ver
o que tem logo atrás

a vida é forte, insegura e friorenta
minha mochila é de pano
e em segundos ela arrebenta
eu corro entre os becos
pulo todo muro
mas o destino não agüenta

e até voar o mais alto do quadro
derramando os tecidos sobre as canetas
basta de tanta terra, é pesado meu fardo
mas minha vida fica leve quando te tenho ao meu lado

sexta-feira, 10 de abril de 2009

estrada


a estrada me deixa perdido, são muitos caminhos,
muitas pedras, espinhos
alguém pedi para tomar um atalho
mas talvez seja mais arriscado,
são muitos medos compactados que ela trás
e, além disso, faz o favor de me deixar cansado
chove...
os abrigos são muitos, centenas
talvez seja até melhor seguir em novena esta caminhada,
alguns são tão perigosos de um importante cuidado
assim como aquelas trilhas pequenas
que na maioria das vezes me colocam em contra mão
e para não ter-me como abandonado
a única razão é segurar em tua mão
que me acalenta e conforta
e ser guiado até o fim, até o infinito
construindo os passos desta cruzada
seguindo o que está escrito lá dentro de mim,
dentro da minha estrada

domingo, 5 de abril de 2009

ruas


de verde em verde minha verdade sai de casa
e encontra um paraíso de palavras
perdido entre as ruas massacradas e mascaradas
num baile de carnaval desencontrado em um outubro aprisionado
o amarelo que chega à janela já não é o mesmo
a chuva pediu para estiar, pois já não agüentava mais chorar
e milhares de olhos brotam das ervas daninhas
mas os meus só olham para você
e para a terra a qual preciso afagar e criar novas visões
invenções não param de gastar,
a vida dela apenas cria outras vidas compradas em vitrines
-é camarada, não se anime!
os gritos de luta só se escutam em rounds televisionados
a cabeça pesada de dor e de horror
a cabeça leve de amor e de calor
o tempo vive num equilíbrio, numa dinamicidade,
numa caixa de feijoada industrializada pela tua coragem
e o que fica são apenas imagens de uma janela
brusca, bruta, que fecha as portas para a liberdade