quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

fotografia


amanhecer com um sorriso dormido de felicidade
olhar o tempo parado no último segundo da música
e reescutar a vida traduzida na brisa do mar dos sonhos
com um céu firme apontando uma estrela na imensidade
é verdade!
é verdade!
gritou o jornaleiro sobre a última notícia registrada
e milhares de formigas dançaram sobre as folhas
o som da vida, a vida em som, festa em todas as esquinas
a fotografia nos muros grafitados de uma realidade
o urbano manifestado pela mais barata tranqüilidade
de noites chuvosas e pensamentos drogados em alegria,
das árvores mais velhas brotaram bailarinas
e toda a rua foi se observando, delirava,
até encontrar o momento da verdadeira harmonia
o fim para muitos, mas o começo para quem amava

verdade


não consegui entender aquela frase
não consegui acompanhar o último trem
seguir a estrada parecia até mais difícil
construir a tarde foi impossível, meu bem

não consegui entender aquela flor
e muito menos quem a beijava
não consegui voltar pra casa
um raciocínio trancado, viajava...

nem uma cadeira tem um significado
ela fala, fala, mas nunca se entende
acho que a loucura está se aproximando
a verdade é que o mundo não me compreende

sábado, 21 de fevereiro de 2009

pretoebranco


de minuto em minuto os passos eram guiados,
mas tormentas interromperam as verdades
quadrados tomavam os lugares dos círculos
um sufoco que amassava os mitos

e tantos foram os enforcados
que o tempo fez o favor de ressuscitá-los,
comparando relógios a um preço
que o mundo não tinha condições de pagar

minhas feridas apenas crescem
como a nostalgia do amanhã,
sorrisos e lembranças se respondem,
o pretoebranco reflorescem

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

rubínico


desde o início, a viela decidiu dobrar na primeira esquina,
atravessar no sinal amarelo era um objetivo
tendo como causa a felicidades deste,
pois ele sempre tinha pouco tempo de vida

mas ao encontrar a primeira placa,
milhares de ratos estavam reunidos em uma única decisão:

que não iam mais habitar os locais podres e fétidos
que a humanidade tinha reservado para eles!

sábado, 14 de fevereiro de 2009

medo


no meio do fogo
leões defendiam a covardia
e todos ficavam parados
apenas esperando os leões queimarem

no meio do fogo
leões defendiam a covardia
era motivo para retaguarda
era tempo de fraqueza

no meio do fogo
leões defendiam a covardia
e o covarde apenas em olhar
preso em suas próprias leis

no meio do fogo
leões defendiam a covardia
avançar não era justificável,
assim,
saíram-se de heróis,
embora
leões defendiam a covardia
no meio do fogo

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

retirar


as tropas foram atingidas
pedaços de vidro por todos os lados
terrenos encharcados
verdades escondidas
retirar-se!
não pela covardia,
mas pelo risco de afogar-se
em suas próprias águas
o que era um mar num dia
em outro, nem nome tinha
o vazio vazava em todas as vias
e os vidros em afasia

abismo


milhares de lágrimas estavam a passear
cada uma com seu som
em plena desarmonia com os raios solares

num momento oportuno
a bateria transforma o dia
milhares de sorrisos invertem meus ouvidos
e só de olhar...alegria...

palavras acompanharam a verdade
muitos corriam em uma mesma direção
em busca do ponto mais alto

talvez de volta no abismo da felicidade
é só um pulo para cair no mar da euforia
é só uma vida para reviver
é só outro mundo para se sonhar

sábado, 7 de fevereiro de 2009

tempo


eu não sei viver
apenas acompanho os ponteiros do relógio,
pois é assim que sobrevivo

não adianta mais chorar
olhe que horas já são
o meu tempo só me diz que estou errado
mas a verdade é que eu te queria aqui

olho para o relógio
isto não me traz alegria
tem tempos que o tempo está assim

a memória desperta
já está na hora de deitar-se
o relógio bate mais forte
uma sinfonia melancólica

domingo, 1 de fevereiro de 2009

vento III


o voar chegou em meu sangue
uma leve face de sofrimento
mascarada pelo sorriso da incompreensão da vida ao lado, a qual segura meu controle remoto

e quando pensei que o vôo seria alto
pediu para ficar sempre como uma foto:
presente, parado e vigiando as horas que só faziam mentir naquele salto

sentir os olhares me parecia um terremoto,
mas era mais fácil que a chegada do seu trem
foi atirar-se do planalto
com as vooenzimas desemoglobinadas
e perder-se no tempo de maçãs
saborosas e em dobro de aguçadas
o pomar cheio, e meu corpo maduro caia em mares das mais fortes batidas
de uma música em sintonia
da transmissão de nossos axônios
das noites sem sono
de um medíocre dia
de um momento onde consegui ver o que tem além de palavras, de tato, visão, olfato, audição ou paladar, do doce toque do pé no gramado dos sonhos,
do vento que nos une com suas partículas inenxergáveis, mas que é capaz de desviar de todas as barreiras para que nossos corpos estejam sempre juntos.