domingo, 1 de fevereiro de 2009

vento III


o voar chegou em meu sangue
uma leve face de sofrimento
mascarada pelo sorriso da incompreensão da vida ao lado, a qual segura meu controle remoto

e quando pensei que o vôo seria alto
pediu para ficar sempre como uma foto:
presente, parado e vigiando as horas que só faziam mentir naquele salto

sentir os olhares me parecia um terremoto,
mas era mais fácil que a chegada do seu trem
foi atirar-se do planalto
com as vooenzimas desemoglobinadas
e perder-se no tempo de maçãs
saborosas e em dobro de aguçadas
o pomar cheio, e meu corpo maduro caia em mares das mais fortes batidas
de uma música em sintonia
da transmissão de nossos axônios
das noites sem sono
de um medíocre dia
de um momento onde consegui ver o que tem além de palavras, de tato, visão, olfato, audição ou paladar, do doce toque do pé no gramado dos sonhos,
do vento que nos une com suas partículas inenxergáveis, mas que é capaz de desviar de todas as barreiras para que nossos corpos estejam sempre juntos.

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