quinta-feira, 30 de outubro de 2008

espera


na espera de ventos
que soprem sobre o teatro
e transforme em vinho
o que vai além do barco

de caminhos engatinhados
por cabeças pensantes
sem peso, sem medo
esperando confiante

a se livrar de palavras
corretas e consentidas
aceitando aquelas sem sentido
e que agucem meus sentidos

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

mais


no momento em viver a intensidão da noite
na busca do guia da imensidão do céu
de dores passadas que trazem sorrisos e lembranças
de uma viagem na interiorização dos meus sentimentos
na territorialização das vagas artérias a serem preenchidas
por mais vidas, por mais lutas e por dias mais sinceros

sábado, 11 de outubro de 2008

cidade


difícil é ver os três is que possuo
fácil perceber o som
pior é conjugá-lo à noite
com tantos ratos e baratas

era um trevo ontem
agora estou numa encruzilhada
a vida aqui cresce
como aquela velha granada
que implodiu meus pulmões
e sem destino, sem ações
retorno a caminhar
nos becos e veias carbonizadas
nas ruelas e morros adormecidos
nos sonhos e mentes colonizadas
onde o vento morre ao despertar
e a vida segue sem enfadar

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

zunir


não me confunda
apenas quero enfileirar os tijolos
janelear o sol
tetear as estrelas, curtir a lua

e na melodia de setenta
purificar os pensamentos
alucinar a realidade
redescobrir movimentos

está ficando destorcido
vários sons em vários ouvidos
zunidos, zumbidos
e aquela velha gargalhada...